terça-feira, 21 de junho de 2005

Na praia, ao luar, sem solidão - tudo perfeito!

Aquele fim de tarde começava a me entediar.
Larguei depressa meus afazeres - já estão todos atrasados mesmo. O que há de se fazer? Deixa pra amanhã - pensei.
Peguei o primeiro ônibus que vi pela frente. Só sabia que ele passava próximo à praia.
Era a 1ª noite de Lua Cheia. Noite perfeita para relaxar.
Tirei o casaco, pois, apesar do frio, queria sentir a maresia tocar meu corpo. A brisa estava completamente gelada, mas eu precisava congelar meu ânimo. Andava meio agitado.
Procurei entre os quiosques esparsos se havia algum aberto. Minha sorte não estava comigo. Avistei então um velho senhor que - não sei por que lá motivos -caminhava desacreditado e muito mais desanimado do que eu pelo calçadão, vendendo cocos - ou tentado fazê-lo.
Meti a mão no bolso e percebi que tinha esquecido minha carteira em cima da mesa, próxima à bolsa que ficara esquecida no escritório - Puta que pariu! - Saí tão displicente que nem percebi que deixei tudo para trás, inclusive meus documentos. Daí me lembrei
de uma música que ouvia quando criança: "Caminhando contra o vento, sem lenço e sem documento... eu vou" - de quem é mesmo??
Ahá! Dois vales e duas moedas de R$ 1,00 - Agora estou com sorte - pensei.
Achei um absurdo gastar minhas únicas moedas com um coco mixuruca e sem doce, mas entreguei a quantia ao velho e caminhei lentamente em direção ao mar.
Senti meus pés formigarem quando pisei na areia gelada, mas gostei da sensação de relaxamento que aquele momento único - dentro de cinco anos - me proporcionava. Fazia tempo que eu não sabia o que era sentir os gãozinhos entrarem no meio dos meus dedos.
E então fiquei ali a admirar o mar. Esperava ansiosamente o barulho da lua surgindo atrás do fim do mundo. Foram duas horas de expectativa, mas que pareceram passar como um trovão. Enquanto isso me apegava à lembranças da infância, dá época em que eu era feliz.
Até que... Lá estava ela. Linda. Toda redonda e brilhante a me olhar. Senti uma sensação de complemento. O vazio que há tempos morava em mim, aos poucos foi sumindo. Pois estava eu, como há muito não me encontrava: Cheio de luz e de esperança. Naquela praia, ao luar, por um instante não me senti sozinho. Pelo contrário: me senti tão completo como quando criança.
Respirei fundo. Senti novamente o cheio do mar. Já era tarde. Recoloquei meu casaco, e resolvi ir buscar minhas coisas. Não poderia permanecer muito tempo cheio somente de minhas sensações.
Amanhã a realidade me reencontraria, e os vazios do mundo voltariam à me encher.
- Droga! Perdi o ônibus!

2 comentários:

Elisa Ribs disse...

Nós somos mto bestas. O mundo tá aí, lindo à nossa volta, somos capazes de nos sentirmos leves e felizes e completos com coisas tão simples... Mas não, nunca é o bastante. Um luar, um sorriso, o mar, a areia, nada dura o suficiente para que a gente se sinta bem. Fazer o quê, somos assim. Lindinha a história, girl. Beijos.

ps.: Ainda tô meio rindo das nossas conversas hj... Da mulher Bugiganga ao "3 simples passos pra não morrer se o paraquedas não abrir", auhauahuaa.

Katarine Rosalem disse...

uhAuhUAhUAh.... acho que estas histórias dariam um belo post ;)
bjaum!!